Hidratação e dor: a conexão invisível entre água e bem-estar
Descubra como a água impacta seu corpo, cérebro e percepção da dor.
A água é a substância vital mais abundante em nosso corpo. Representa cerca de 60% a 70% do peso corporal e chega a compor 75% do cérebro e 80% das articulações. Mesmo assim, muitas pessoas negligenciam esse hábito simples. O resultado vai além da sede: dores de cabeça, fadiga, rigidez muscular e até o agravamento de dores crônicas podem estar diretamente ligados à desidratação.
A ciência já demonstrou que até mesmo uma desidratação leve, de apenas 1 a 2% do peso corporal, é suficiente para comprometer a concentração, reduzir a performance física e aumentar a percepção de dor. Em atletas, esse impacto é evidente: um estudo publicado no Journal of Athletic Training mostrou que a desidratação reduz a força muscular e aumenta em até 25% o risco de câimbras e lesões musculares. Em pacientes comuns, o efeito se traduz em mais rigidez, dores articulares e fadiga persistente.
O líquido sinovial, que lubrifica as articulações, depende diretamente da ingestão de água. Quando o corpo está desidratado, esse fluido diminui em qualidade e volume, facilitando o atrito e favorecendo inflamações. Para quem sofre de condições como artrite ou artrose, a hidratação é uma ferramenta acessível para reduzir desconfortos. Além disso, a água atua no transporte de nutrientes essenciais e na eliminação de toxinas metabólicas, criando um ambiente menos propício à dor crônica.
No consultório, exemplos práticos reforçam essa conexão. Um paciente com dores de cabeça tensionais recorrentes percebeu melhora significativa apenas ao ajustar sua ingestão de líquidos para cerca de dois litros diários. Casos assim são comuns. O corpo dá sinais: urina escura, boca seca, tontura, fadiga e dor muscular após esforços leves. Infelizmente, muitas vezes esses sinais são ignorados e interpretados apenas como “cansaço do dia a dia”.
A importância da água também se estende ao cérebro. Estudos em neurociência mostram que a desidratação aumenta a produção de cortisol, o hormônio do estresse, o que amplifica a sensibilidade do sistema nervoso. Isso significa que o mesmo estímulo doloroso pode ser percebido como mais intenso quando estamos desidratados. Em contrapartida, manter a hidratação adequada ajuda a modular neurotransmissores, melhora o humor e reduz a sensação de dor.
Famosos atletas e profissionais de alta performance reconhecem esse poder. A ginasta Simone Biles já destacou em entrevistas que a disciplina com hidratação foi fundamental para sua resistência em treinos exaustivos. Se para atletas de elite a água é uma ferramenta de performance, para a população em geral ela é um recurso acessível para prevenir dores, melhorar a disposição e até reduzir crises de enxaqueca.
Então, quanto beber? A recomendação varia de acordo com idade, peso, nível de atividade física e condições climáticas. A National Academies of Sciences sugere uma média de 2,7 litros por dia para mulheres e 3,7 litros para homens, incluindo líquidos presentes em alimentos como frutas e vegetais. A regra prática de observar a cor da urina — quanto mais clara, melhor — continua sendo uma ferramenta simples e eficaz.
A mensagem é clara: a hidratação adequada não é um detalhe, é parte essencial da saúde integral. Ela influencia músculos, articulações, cérebro e até a percepção de dor. Reorganizar sua rotina para incluir goles de água ao longo do dia pode ser o primeiro passo para viver com menos desconforto, mais energia e maior equilíbrio.